Tudo teve início com a vinda da missão inglesa no ano de 1923, chefiada por LordMontagu. Esta missão veio ao Brasil convidada pelo Presidente da República Arthur Bernardas para estudarem a situação financeira, econômica e comercial do nosso País. O Governo tinha como finalidade a reformulação do sistema tributário brasileiro.
Nesta comissão estava LORD LOVAT que viria a contribuir decisivamente para a colonização do norte do Paraná. De um lado LordLovat em busca de informações sobre a nossa agricultura e de terras adequadas para o plantio de algodão. Do outro, os fazendeiros brasileiros que procuravam trazer investimentos estrangeiros na aplicação de capital necessários à continuação da ferrovia entre Ourinhos e Cambará.
No ano de 1924, em Londres, LordLovat e outros fundam a Brasil Plantations Syndicate TLD, criam, também, filiada a esta empresa inglesa, a Companhia de Terras Norte do Paraná - CTNP como subsidiária brasileira, além de comprar diversas fazendas e iniciam o plantio de algodão que os ingleses interessavam.
As culturas de algodão nas fazendas adquiridas no Estado de São Paulo não vão bem e os investidores ingleses deliberaram por abandoná-las. Falharam as tentativas para cultivar o algodão. Os s ingleses, então, voltaram seus olhos para um vultuoso investimento na COLONIZAÇÃO.
Com este novo propósito no dia 24/09/1925 ficou definitivamente criada a Companhia de Terras Norte do Paraná, mais tarde passou a chamar Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. O seu primeiro presidente foi o advogado Antonio Moraes de Barros.
Fixaram o seu campo de ação numa área situada entre os rios Paranapanema, Tibagi e Ivaí. Entre 1925 e 1927 a Companhia fez um total de compras de 515.000 (quinhentos e quinze mil) alqueires de terras fertilíssimas, cobertas de mata.
No dia 20 de agosto de 1929 partia de Ourinhos a primeira equipe de reconhecimento pioneiro da região ainda virgem, dando início para a fundação do primeiro núcleo - Londrina
Nesta região denominada Norte Novo surgiu, mais tarde, outras cidades como Maringá, Apucarana, Arapongas, Astorga e inúmeras outras, inclusive a nossa Flórida.
O NOME DO MUNICÍPIO
O nome dado ao município, Flórida, data desde o início de seu desbravamento.
Muitas teorias são contadas pelos primeiros moradores, mas o escritor Gilmar Moreira, através de pesquisas aos arquivos da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná - CMNP, cita que a teoria mais aceita sobre o nome do nosso município é a de que esse nome, FLÓRIDA, teria sido colocado pelo agrimensor que demarcou esta gleba,por ser americano, nascido nos Estados Unidos, ele inspirou com o nome de um Estado do seu país - o Estado da Flórida.
O DESBRAVAMENTO
Em pesquisa nos registros da CMNP encontram os nomes das primeiras pessoas que adquiriram datas e lotes dentro de nosso município.
- Primeiras datas residenciais vendidas em Flórida.
Dia Nome do comprador Lote/Quadra
09.03.49 José Balbino Felix 5-18
09.03.49 Antonio Marques 5-19
15.03.49 Manoel de Oliveira 6-10
17.03.49 Luis Mendes Barbosa 8/9 - 19
2203.49 José Barbosa 6-19
- Primeiros sítios vendidos em Flórida - Gleba Colorado:
Dia Nome do comprador Lotes
03.06.48 José Cesnik e Irmãos 84 até 89
19.06.48 Lindolfo Alves de Oliveira 07 até 09
18.06.48 Angelo Del Bello 15
01.07.48 Miguel Geimes 62
19.08.48 Anselmo Fávaro 53
OS PRIMEIROS MORADORES
Luis Mendes Barbosa;
Antonio Inácio "Misturado";
Delfino Arruda;
Abílio Campanha;
Miguel Garcia;
Joaquim Cassiano;
Inácio Francisco dos Santose outros.
Fundador: Luis Mendes Barbosa e muitas outras pessoas estiveram em nosso solo. Eles vieram para abrir suas terras, derrubar matas ou até mesmo apenas de passagem. Mas, o título dado ao Sr. Luis Mendes Barbosa como o fundador, primeiro morador se deve por que ele não veio apenas para abrir o seu terreno como muitos.
O Sr. Luis veio com a seguinte intenção. erguer uma casa, dela fazer um empório, uma pensão. Ele tinha em mente que aquele claro na mata seria, mais tarde, um próspero povoado, não veio e voltou, veio sim, para fixar residência e iniciar o novo povoado - Flórida.
Esta é a diferença que destaca o Sr. Luis Mendes Barbosa como o primeiro morador, ele veio para ficar, acreditava na fundação e criação de um novo município.
Adquiriu as datas de terras n° 8 e 9, da quadra 19, em 17 de março de 1949, tudo era mata virgem, apenas picadas, e visionário como era interessou-se pelo local com a finalidade de montar um armazém para suprir a promissora região que estava sendo desbravada.
Segundo depoimentos, muitos pioneiros se hospedaram na residência do Sr. Luis Mendes Barbosa quando em visita às suas terras. Sr. Antonio Begnossi Primo nos conta que em visita no ano de 1949, hospedou-se num galpão no fundo da casa do Sr. Luis, como tinha muitos peões dormindo no mesmo local, Sr. Antonio ficou temeroso, dormiu com a mão no revólver que estava debaixo do travesseiro.
Foi nesta residência a perfuração do primeiro poço. Tinha a profundidade de 43,7 metros.
LUIS MENDES BARBOSA faleceu no dia 20 de janeiro de 1950, morto pelo seu empregado apelidado de "Polaco", recebeu duas facadas e faleceu chegando no hospital.
O seu irmão José Barbosa que morava em Astorga passou um telegrama para outro irmão - Elizio Mendes Barbosa - residente em Jatobá (SP). O telegrama pedia para que o Sr. Elizio viesse para tomar conta das coisas deixadas pelo irmão falecido, atendendo ao apelo, o Sr. Elizio chegou em Flórida no dia 12 de fevereiro de 1950,cuidou por 08 (oito) meses do armazém. depois disto foi trabalhar como agente-corretor da Companhia como vendedor apenas das datas da cidade.
O lugarejo estava iniciando, tudo era muito difícil. Para chegar até os lotes da família Cesnik, tinha apenas uma picada era tão estreita que os caminhões roçavam nas árvores.
Havia muita madeira, peroba, gabiroba, cedro, marfim, a mata era bonita, não muito fechada,era possível até mesmo andar a cavalo entre ela a derrubada era feita de machado, depois colocado fogo, difícil de queimar, era necessário fazer a "escoivara", cortando os galhos com foices e facão.
A primeira casa construída em Flórida. Proprietário/construtor - Luiz Mendes Barbosa, em 1949. Localizada nas datas 8 e 9 da quadra 19.
O INÍCIO
A viagem de chegada:Dentre inúmeras viagens difíceis, idênticas, feitas pelos desbravadores, escolhemos a viagem do Sr. Antonio Ciavolella que nos conta:
- "O meu patrão contratou um caminhão grande, o motorista era um negro, muito boa pessoa e excelente motorista seu nome era Benedito, o caminhão tinha carroceria farta e coube duas mudanças, a minha e a do meu primo Miguel Ciavolella; O nosso patrão ia atrás com um "Fordinho", levava enxadas, mudas de café e outras coisas suas, ele era medroso, além de andar com o carro na sua direita, ficava somente beirando a sarjeta.
- Saímos de Cambé (PR), ao chegarmos em Rolândia veio a chuva forte que nos perseguiu até a chegada em nossa nova morada. O caminhão vinha deslizando na pista e esbarrando nas árvores ao lado da estrada,este caminho não passava de uma picada no meio da mata virgem. Na subida da Valência, conta-nos o seu Antonio, o caminhão deslizou de um lado para outro, as mulheres que estavam na cabine pediram ao Benedito que parasse o caminhão,elas iam vencer a subida a pé, pois julgavam mais seguro. O carro com a chuva estava para encalhar ou virar, mulheres corajosas, a lama estava acima dos joelhos,mas para sorte delas, logo em seguida encontramos uma galhada de pau "marfim" caído na estrada,o motorista freou e nada valeu,o caminhão foi de encontro com a madeira e um galho entrou cabine adentro,certamente machucaria as nossas esposas, descemos todos, à força retiramos esta árvore e seguimos viagem.
- Chegamos em Flórida, ainda patrimônio, com muita chuva, cansados e com fome. Paramos na primeira venda,o patrão mandou servir pão, mortadela e pinga à vontade,bem, de Flórida até o sitio daria uns 07 Km, julgávamos “em casa”.
- Deixamos este local às 15h30min e chegamos na propriedade às 18 horas. Era o anoitecer do dia 07 de abril do ano de 1953.Na chegada tinha uma curva violenta,descemos todos.
- Não deu outra, o carro deslizou e foi seguro apenas quando topou com o tronco de uma árvore.
- Deixamos caminhão e mudança ali mesmo. Chegamos em casa a pé e a primeira noite foi no chão forrado por alguns cobertores.
ANIMAIS SILVESTRES
Como o desmatamento foi conjunto em toda a região e de forma bastante veloz, nosso município conheceu muito pouco de animais ferozes. Conta-nos o Sr. Elizio que matou uma onça onde hoje é o gol do campo de futebol.
Já o Sr. Antonio Begnossi Primo nos relata que em 1950, quando veio construir a sua casa, ficou num galpão,seu primo trazia um balaio com milho e um veado veio comer dentro do mesmo balaio. O Sr.Angelo Begnossi queria mata-lo, mas, o Sr. Antonio não deixou.
Os animais que tinhamem quantidade eram: paca, macacos, arapongas, cotia, tucano, jacu, quati e inhambu.
O CEMITÉRIO
Os próprios moradores, através de mutirão, construíram a estrada e instalaram o cemitério. Depois do cartório era tudo mata
A entrada era através da residência - hoje do Sr. Daniel Lavangolli,foi escolhido este local pra sepultar os mortos por que ficava situado num canto da cidade.
CAMPO DE FUTEBOL
O primeiro campo de futebol denominado de "campo velho" foi construído no ano de 1952. Estava localizado acima de onde é hoje a Escola Professora Denise Cardoso de Albuquerque, antes disso, a "pelada" era disputada na própria praça da matriz.
Nesse tempo os jogadores eram: Misturado (Antonio Inácio), Honorato e Abílio Campanha; Jorge e Jamil Burian; Edemar Julião e outros.
TRANSPORTE
No ano de 1952, Flórida era servida por duas empresas de ônibus: a Delegado e a Andorinhas. Quando chovia eles não circulavam por nosso município durante vários dias, até que o solo secasse.
A CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO
EMANCIPAÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA
A região do nosso município pertencia, a princípio, ao município de Arapongas. Com a criação de Astorga, no dia 14 de novembro de 1951, Flórida passou a pertencer ao criado município de Astorga
A história político-administrativo de Flórida iniciada no dia 09 de novembro de 1955, quando pela Lei n° 35, foi elevado à categoria de Distrito pertencente ao município de Astorga.
Com a criação do município de Iguaraçu, passamos a fazer parte deste.
Lembrando, Flórida ficou sendo Distrito no dia 09 de novembro de 1955. Pertenceu aos seguintes municípios: Arapongas, Astorga e Iguaraçu.
25 de JULHO de 1960: Nesta data, pela Lei n. 4.245 assinada pelo Governador Moisés Lupion, Flórida foi elevada à categoria de Município.
O projeto de lei inicial para a criação do município era bastante pretencioso, pretendia avançar mais 05 (cinco) quilômetros nos limites de Lobato,mas, os políticoslobatenses batalharam com seus deputados e mantiveram sua fronteira até a Água Colorado. Este mesmo limite é mantido até hoje.
Parte da Lei n. 4.245, que criou o município de Flórida,data 25 de Julho de 1960.
Publicado no Diário Oficial de Estado do Paraná no dia 28.07.60.
Súmula: Cria o município de Flórida-Paraná. Assinado por: Governador: Moisés Lupion.
Secretários de Estado: José Colombino Grassano e João Ribeiro Júnior. Lei nº 35, de 09.11.55, cria o Distrito.
Lei nº 4.245, de 25.07.60, cria o Município.
A Lei n° 4.245, de 25 de julho de 1960, criou o seguinte quadro territorial para o nosso município de Flórida-PR:
- XVI - FLÓRIDA: Com o território desmembrado de Iguaraçu, sede com o mesmo nome e as seguintes divisas:
1. Com o município de Lobato: começa no Rio Pirapó, na foz do Ribeirão Colorado sobe por este até a foz do córrego Cajatri, e este até encontrar a Estrada Boiadeira;
2. Com o município de Santa Fé - Começa ao ponto de encontro da estrada Boiadeira com o ribeirão Cajatri, segue por esta estrada no sentido Sul, até encontrar o Ribeirão Coqueiro o qual sobe até a sua cabeceira;
3. Com o município de Iguaraçu: começa na cabeceira do Ribeirão Coqueiro, de donde em reta, por uma linha seca alcança a cabeceira do córrego Jacinto, desce por este até a sua foz no Ribeirão Valência, e este até a sua foz no Rio Pira-pó.
4. Com o município de Maringá: começa na foz do ribeirão Valência, no rio Pirapó, desce por este até a foz do ribeirão Atlântico.
5. Com o município de Mandaguaçu: começa na foz do ribeirão Atlântico, no rio Pirapó, desce por este a foz do ribeirão Jacupiranga:
6. Com o município de Atalaia: começa na foz do ribeirão Jacupiranga, no rio Pirapó, desce por este até a foz do ribeirão Colorado.
O PLEBISCITO
Os limítrofes de Flórida alcançaram, também, o patrimônio da Valência e o Distrito do Ângulo, pertencentes à Iguaraçú.
Iguaraçú movimentou a fim de retomar para o seu município a área de terras compreendida entre o ribeirão Valência e o ribeirão Coqueiro. Ou seja, toda a faixa de terras iniciada na foz do ribeirão Valência até a cabeceira do córrego Jacinto, descendo em linha reta até a cabeceira do ribeirão Co-queiro, margeando-o até sua foz no rio Pirapó.
Esta faixa de terras que passou a pertencer ao recém-criado município de Flórida.
Iguaraçú queria retomá-lo.
Nele estão o patrimônio da Valência e, também, o Distrito de Ângulo.
Com empasse, ficou resolvido que o povo residente nestas localidades, decidissem através de um plebiscito, isto é, os moradores por meio do voto escolhessem a quemqueriam pertencer.
A esta votação damos o nome de plebiscito, porque a decisão ficou nas mãos do próprio povo.
Os políticos de Iguaraçú se movimentaram, enquanto que as lideranças floridenses não entraram na briga.
Este plebiscito foi realizado no dia 21 de janeiro de 1962,o povo escolheu ficar com o município de Iguaraçú,esta vitória foi por uma larga margem de votos: 702 (setecentos e dois) votos para Iguaraçú e apenas 16 (dezesseis) pessoas escolheram para pertencer ao município de Flórida.
Houve uma gigantesca crítica contra o prefeito LIVIO CANTARCTTI.
A culpa da perda de tão férteis terras recaiu sobre o prefeito municipal de Flórida.
Os vereadores, em reunião datada de 05/02/62, criticaram veemente o poder executivo, acusando-o de ser displicente na atuação do plebiscito.
Com esta irrecuperável perda do patrimônio da Valência e do distrito do Ângulo, Flórida ficou definitivamente com este mapa.
Dados retirados do Jubileu de Prata – Autor: Osmar Moreira.